SBT analisa “Morbius”: resultado de quando preguiça, incompetência e canalhice se reúnem
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Caminhando com um amigo em uma das famosas avenidas da minha cidade, além das sempre pontuais divagações sobre a vida, discutíamos sobre filmes ruins e seus impactos sobre nós, pois ele também escreve, muito bem, sobre cinema. Sendo um rapaz bem mais retraído e elegante do que eu, este grande amigo afirmou que tenta sempre ser o mais seleto no momento de escolher o teor que irá abordar uma obra como esta. Perguntei qual a opinião dele sobre o posicionamento que o “rapaz que escreve pro SBT” toma quando um longa o desagrada. A resposta foi objetiva: “Parece que ele leva para o lado pessoal!”. Refletindo sobre essa aspa, cheguei à conclusão que sim, “o rapaz que escreve pro SBT”, realmente quando é obrigado a dispor da curta e nenhum pouco animada vida que leva para gastar com locomoção e ver um filme de uma empresa que pouco se importa com o seu público, que se mostra sempre tão fiel, e saia da sessão sem saber definir se a produção é mais preguiçosa ou incompetente, sim, ele tem o direito de se sentir pessoalmente ofendido.
Michael Morbius (Jared Leto), um jovem e consagrado médico possui uma doença crônica e degenerativa (qual doença?) da qual busca incessantemente a cura durante toda sua vida. Ele “encontra” quando faz uma maracutaia com DNA de morcegos e COMO NADA PODERIA DAR ERRADO, se transforma no monstro que dá nome ao filme após recusar um Prêmio Nobel (por que ele recusou?). “Morbius” é uma espécie de semi-terror da Marvel (então ele é uma espécie de Batman médico da Marvel?). Por favor vocês estão fazendo perguntas demais, das quais o filme não tem a capacidade de dedicar-se oito segundos somados para esclarecê-las.
Morbius é um vampiro vivo, ele não morreu para se transformar, isso significa que as regras universais dos vampiros afetam a ele? Sim...e não. Eu avisei sobre as perguntas. Lendo até agora, se você ainda não se empolgou para ver o filme, calma que quando descobrir o antagonista, o desespero para dar play será avassalador. O melhor amigo de Morbius, Milo (Matt Smith) e, também, doente (qual doen...a esquece!), utiliza a fórmula para se curar e SABENDO O QUE SE TORNARIA, pois aparentemente ninguém em um filme patético de terror sabe que está em um ou tem noção como um funciona, se transforma em um outro vampiro vivo. O embate está criado. Dois seres espelhados com a mais básica motivação antagônica, porém um deles contendo o superpoder do protagonismo. Mas é um filme da Marvel, então as cenas de ação são vislumbrantes, né João? Porque você ainda está insistindo em fazer perguntas, caro leitor, te devolvo uma. O filme é mais Sony e por isso, sim esse é meu argumento “filmes de heróis da Sony pós “Homem-Aranha 2” são terríveis”.
O roteiro é abominável. Contém, claro, os grandes sucessos metafóricos, como: Vampirismo como doença? Sim. Vampirismo como vício? Sim. Mas, por favor, não peça nem ache que esses temas serão abordados, pois o cerne do filme está sempre ligado a alguém gritando “Olhe para lá!”. Um personagem que ao tentar ajudar as pessoas acaba acarretando assassinatos apresenta um complexo dilema moral, sério, eu não estou sendo irônico desta vez. Mas você jamais saberia disto por conta deste filme, que desaproveita todos esses aspectos intrigantes da história de seu protagonista e os transforma em clichês sobre obrigação dos poucos privilegiados protegerem os muitos carentes.
Infelizmente, mas com nexo, o filme tem a classificação indicativa baixa demais para o que propõe, apesar que nem o estoque de sangue falso dos filmes do Tarantino seria capaz de minimizar o estrago aqui. Lembrando que o filme faz parte do “Spider Verse”, ou seja, compartilha do mesmo problema que os seus irmãos de estúdio, nas sequências de ação você não consegue decifrar o que está vendo em tela, onde a sequência final de luta é mais próxima de Guernica, quadro do Pícasso, do que um filme do Chad Stahelski. Quando não são as linhas onduladas e esboçadas que seguem Morbius bagunçando a tela e provocando vertigem, são aqueles malditos morcegos de CGI, onde no, não sei se isso existe aqui, ápice climático do longa, aquelas criaturas ajudam a esconder o péssimo trabalho de design de produção/direção/fotografia...tudo! Nada tira da minha cabeça que a reunião deste elenco após a leitura do roteiro não está diretamente ligada a dívidas de apostas. Jared Leto, vencedor de Oscar, Matt Smith, Jared Harris provavelmente estavam enrolados com agiotas para aceitarem estar dentro de um projeto como esse.
“Morbius” agrada nos primeiros dois minutos de rodagem e nos quatro últimos quando sobem os créditos, não consegue acertar nada que tenta fazer e me deixa mais uma e a última pergunta: não obteve êxito por incompetência ou canalhice? Mesmo abandonando diversas questões, o filme também não é capaz de responder a única que faz para si mesmo: Por que eu existo?
Nota do Crítico: 1.0 (mas esse realmente merecia um 0)
Nota Média do Público(IMDb): 5.2
Horários das sessões no Cineflix do Shopping Praça Nova, em Araçatuba
Dublado: 16h10 e 19h
Legendado: 21h35
Classificação Indicativa: 14 anos
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