SBT analisa “Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio”: o único terror do filme está em sua qualidade

SBT analisa “Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio”: o único terror do filme está em sua qualidade -


Não satisfeita em destruir filmes incríveis com sequências medíocres, agora Hollywood decidiu destruir filmes medíocres com sequências péssimas. Se você conseguir se desvincular de toda a expectativa de ver um filme sobre casa mal assombrada, que já é um péssimo subgênero para criar expectativa desde 1982, com estreia de “Poltergaist”, e entender que o filme se preocupa muito mais em focar em uma investigação paranormal genérica do que de um terror de espíritos, você pode até ter uma experiência positiva.

O diretor Michael Chaves, que também dirigiu o terrível terror “A maldição da Chorona” (2019), onde traços narrativos e assinaturas derivadas do gênero ecoam aqui, abre com uma sequência, baseada em uma história real, em formato de prólogo, onde o casal de investigadores paranormais Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga) procedem o exorcismo do jovem David Gletzel (Julian Hillard), quando o demônio em questão troca de hospedeiro, possuindo Arne Johnson (Ruairi O’Connor), um rapaz com boas intenções e apaixonado pela irmã de David, deixando-o assombrado pela força maligna. Arne, em posse do mau, comete um violento assassinato, com inspiração estética e narrativa de “O Exorcista” (1971) e para evitar a, quase que certeira, pena de morte do jovem, o casal místico entra em uma investigação sobre crimes similares na região para evitar a sentença capital.

Durante a jornada de investigação do casal Warren (Wilson e Farmiga), é quando o diretor comete os mesmos erros de seu outro horror, já supracitado, quando clichês de gênero são acumulados aos montes nas cenas e sequências que vão se sucedendo: primeiramente o personagem sempre a priori cético, no filme a advogada de defesa de Arnie, que descobre da pior forma que as paranormalidades são reais, o padre que é perito no determinado tipo de condição demoníaca em que o filme propõe a mostrar em tela, estando ali apenas como forma de exposição barata da mitologia envolvida, detonando novamente a fragilidade do roteiro, o que ocorre por diversas vezes durante as quase duas horas de rodagem, sendo a mais escandalosa, a exposição das motivações do “vilão” em uma linha de diálogo que atesta a má qualidade do texto. Some isso, ao porão horripilante e o velho mais macabro ainda que guia nosso casal de heróis escuridão a dentro e “Invocação do Mal 3” padece ainda mais de um ingrediente que apenas seu primogênito tem: identidade, o longa se assemelha mais com um dos spin-offs (“Anabelle”, A Freira”) do que propriamente uma sequência de “Invocação do Mal).

Mas então qual o real motivo desde filme existir? Se você é o tipo de pessoa que consegue se divertir com um filme de terror genérico, com jump scares extremamente premeditados, recurso usado de forma interminavelmente cansativa, uma narrativa preguiçosamente simples, se contentando com a mais básica das histórias de terror, que aposta todas as fichas na frase de abertura “baseado em fatos reias” para criar sua tensão, fato que é completamente esquecido após os primeiros vinte minutos de rodagem e apenas lembrado nos créditos finais para, novamente, tentar lembrar o público sua tentativa única e frustrada de causar medo, tem aqui um prato cheio. Já se você necessita de algo mais elaborado, que não utiliza todos os recursos batidos para tentar assustar seu público, literalmente, no grito, “Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio”, assim como em mim, vai te causar vertigem, mas não pelo motivo que deveria.  O diretor tenta também apostar no senso de segurança que o casal protagonista causa quando está em tela para segurar o público, mas o sentimento de nostalgia, outrora muito eficaz em outros filmes do universo, passa longe nessa segunda sequência.

Chavez, pelo menos, entende o que tem nas mãos, sabe que não conseguiria reinventar a roda, o gênero, no caso nem se quisesse muito, e por conta disso, novamente, aposta, desta vez uma fórmula que se paga, na simplicidade de aspectos que são funcionais e, pelo menos, entrega um filme que dá a rasa sensação de que pertence ao universo de “Invocação do Mal”.

Nota do Crítico: 3.0

Nota Média (IMDb): 6.4

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