SBT analisa “King Richard: Criando Campeãs”: emocionante, mas principalmente inspirador

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SBT analisa “King Richard: Criando Campeãs”: emocionante, mas principalmente inspirador -


“King Richard: Criando Campeãs” é um filme metade esportivo e metade biográfico. Mesmo sabendo do peso, importância e relevância das, ainda garotas, tenistas retratadas aqui, não se engane, este filme, como bem leva o título é sobre Richard Williams, o pai das meninas e como, com planejamento e trabalho duro, tornou suas filhas em duas das maiores tenistas da história do esporte.

Morando no subúrbio de Compton, Richard (Will Smith) e sua esposa Oracene (Aunjanue Ellis) não medem esforços para criar suas cinco filhas e impõe que até a mais rigorosa criação é necessária para que as meninas não se percam em uma realidade violentamente desalmada, onde, mesmo com diversos fatores a seu revés, todas são destaques em algum campo do conhecimento. Planejando desde antes de Venus e Serena nascerem, nos é apresentado a ideia do patriarca para que as filhas se tornassem as melhores tenistas do planeta. Com a realidade à sua frente, Richard se certifica de que não haverão distrações, os treinamentos não são abandonados nem mesmo nos dias mais tempestuosos. O filme se certifica em denotar a cada vitória, seja ela esportiva ou pessoal, das meninas tenistas, que tal mérito provém deste plano de Richard, mas em momento algum nos são apresentadas essas ideias tão geniais que realmente funcionaram e tornaram duas humildes garotas negras em cânones da humanidade. O que fica evidente é que a união de um sonho com muito empenho e sacrifício, geralmente, gera sucesso, mas não precisamos de um plano mirabolante para sabermos disso.

Diferentemente da maioria de filmes com essa temática, “King Richard” parte do pressuposto que o público tenha conhecimento de quem são as atletas expostas em tela, e devido a isso, pode se desvincular de vários clichês que isso poderia acarretar. Antes de mais nada, o filme é uma obra de paixão e inspiração de como uma família com tão pouco gerou um ambiente caloroso e acolhedor para que duas de suas filhas pudessem se adentrar em um esporte tão social e racialmente nichado, sem se importar com os julgamentos iniciais e pudesse obter todo o sucesso que conseguissem. O empenho e sacrifício de pai e filhas são quase que reflexos de agradecimento, onde a dedicação do pai para com filhas e vice-versa é inegavelmente tocante. Por mais discutíveis que sejam as ações de Richard, as garotas, mesmo muito novas, compreendem e confiam cegamente nos métodos do mesmo, acreditando que aquilo as levará à glória.






Em diversos momentos, até de forma repetitiva, o filme insiste em salientar a dificuldade que seria àquela família conseguir realizar o sonho ao qual se propuseram, que mesmo intrínseco na realidade daquelas pessoas, em momento alguém é exposto em tela. Todas as adversidades que surgem, rapidamente são resolvidas, às vezes, por terceiros ou pelo simples fato de se resolverem, dando a sensação de que esse tal “plano” e Richard é realmente infalível, até mesmo em seus mais minuciosos detalhes, chegando em alguns momentos, retirar a força dramática de uma conquista, visto que em determinado momento da rodagem estamos crentes de que nada mais é capaz de dar errado.

Se eu disse que esse filme é sobre paixão e inspiração, isso muito se deve a força de seu elenco. Esse é um papel que marca a carreira de Will Smith. Sem qualquer tipo de recursos necessários para continuar, Richard (Smith) deixa de lado inseguranças e ameaças, pois confia muito em seu método, mas mais ainda em suas filhas. O olhar afetuoso, a rigidez confortante, a tensão enervante a cada partida e a satisfação imensurável em ver as filhas vencendo, tudo isso recai sobre uma interpretação que certamente será lembrada nas mais altas premiações da temporada, salientada pela sequência de monólogo para engrandecer o personagem, mas aqui funciona sem se tornar tão clichê. Ao seu lado, temos Oracene (Ellis) uma mãe que mesmo, na maioria do tempo, às sombras do marido, impõe sua visão tanto de ensinamento de vida, quanto de técnicas de jogo, onde mesmo com várias divergências com o marido segue a cumprir o planejamento do mesmo em prol do sucesso quase que eminente das filhas. Venus e Serena são interpretadas pelas ótimas Saniyya Sidney e Demi Singleton. Com mais destaque ao início da carreira de Venus, Sidney possui mais tempo em tela e transmite muito bem o ar de uma adolescente humilde, porém extremamente confiante. Já Singleton tem menos a fazer, porém serve como complemento para a irmã seguir seu caminho um pouco mais adiantado em relação ao dela. Fechando o elenco, temos o técnico das garotas Rick Macci (John Bernthal), que além da caracterização estar bastante similar, possui um carisma ímpar, onde o contraste ideológico com Richard proporciona os momentos mais cômicos do longa.

As duas horas e quinze minutos em momento algum são sentidas, a força do comprometimento e dos laços daquela família emergem quem assiste quase que instantemente, sendo o ponto mais forte do filme. Destaque também para como o diretor Reinaldo Marcus Green conseguiu estabelecer as sequências de treinamento, porém o destaque positivo fica para os jogos de tênis. Diferentemente de “Wimbledon: O Jogo do Amor”, as partidas não são tão picotadas e a fluidez dos golpes e trocas de bola são mais sentidas. Existe o argumento de que tais cenas são monótonas e repetitivas, eu entendo esse ponto, claro, caso a pessoa nunca tenha visto uma partida de tal esporte na vida. Há espaço aqui para uma discussão racial que mesmo pontual e cirúrgica, não vai muito além do primeiro set.

“King Richard: Criando Campeãs” é um belo exemplo de superação e como triunfar sobre seus obstáculos para buscar um sonho, porém padece de evidenciar tais percalços em tela, deixa quase que de forma subentendida quais esses são. Por ser uma biografia de alguém ainda vivo, o filme toma algumas liberdades em relação às ações e comportamentos de Richard o tornando bem mais brando do que realmente fora. Mesmo assim, é um filme que emociona e principalmente inspira.

Nota do Crítico: 7.0

Nota Média do Público (IMDb):7.6

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Dublado: 21h55
Legendado: 19h00
Classificação Indicativa: 12 anos

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