SBT analisa “Moonfall – Ameaça Lunar”: mais catastrófico que a Lua colidindo com a Terra é a qualidade desse filme

Seria uma tragédia ainda maior não ver esse filme em uma sala Cineflix

SBT analisa “Moonfall – Ameaça Lunar”: mais catastrófico que a Lua colidindo com a Terra é a qualidade desse filme -


A popularidade de filmes catástrofe é inegável, mas após a fórmula ser repetida incansavelmente, cidades sendo dizimadas, tsunamis gigantes e até o maior dos meteoros em rota de colisão com Terra perderam, desculpe o trocadilho, o impacto. E nesse filme isso evidente mais uma vez.

Uma força alienígena tira a Lua de sua órbita e a coloca em rota de colisão com a Terra. Os humanos têm dias para conseguir se salvar. Bem como essa sinopse, o roteiro dirigido por Roland Emmerich, especialista em filmes desse gênero, não vai além. Após uma introdução que apresenta o antagonista misterioso atacando quem seriam nossos futuros protagonistas, já fica claro que o empenho ao polimento da computação gráfica foi deixado de lado, fato que é evidenciado a cada take seguinte que envolve qualquer cena que não seja filmada em primeiro plano. Dez anos após o primeiro ataque, que culminou na demissão de Brian (Patrick Wilson) por falsa acusação de erro humano, o “monstro” retorna e agora o ataque é derradeiro, mas incoerente, para extinguir a humanidade: colidir a Lua com o planeta Terra.

A NASA, sabendo do perigo eminente, explora todos os planos possíveis e consequentemente, impossíveis para salvar o mundo. No comando das ações a ex-companheira e amiga de Brian, Jocinda (Halle Berry) que, óbvia e rapidamente percebe que a única opção, mesmo muito a contragosto dos figurões da agência, é trazer de volta o melhor piloto e astronauta para ter seu momento de redenção. O problema é que o argumento usado para qualquer tomada de decisão é melodramático demais, sempre envolvendo alguma trama familiar, como se o mais puro extinto de sobrevivência não bastasse para motivar alguém a salvar sua própria vida e o mundo. Falando em decisões, tem algumas escolhas tomadas por personagens desse filme, que são um deboche ao mero significado de inteligência. Deixo minha indagação retórica a quem chegou até aqui: se uma onda de 40 metros está vindo em sua direção, você foge desesperadamente ou espera que ela chegue até você para fugir com um pouco mais de adrenalina?






“Moonfall” consegue a façanha de ser ainda mais ilógico que qualquer um dos últimos “Velozes e Furiosos”. E vai além, pois, pelo menos na série de filmes da família de Toretto todas as regras espalhafatosamente exageradas são respeitadas, já aqui, qualquer apresentação de um conceito e completamente jogado no lixo na situação extrema seguinte. Mais incoerente que as normais impostas pelo filme é seu tom, ele flutua entre o drama, comédia, thriller, mas o voo é tão eficaz quanto a missão do ônibus espacial Challenger. O fio condutor que tenta ligar esses gêneros é muito frágil e raso, onde o aprofundamento em cada um deles é nulo, ou seja, o drama não emociona, a comédia é enfastiante e o thriller não gera investimento.

Tecnicamente NADA FUNCIONA. A computação gráfica é similar a daqueles filmes B entre animais marinhos mesclados, Lobo Baleia contra Tubarão Polvo, essas loucuras aí. A direção não teve nem a pouca vergonha de usar um dublê para uma cena em que o personagem de Wilson dirige uma moto, até em algo tão simples, foram usados recursos como o Adobe Premiere para compor o mais básico do cinema. Os diálogos de “Moonfall” me fizeram ter inveja da minha querida avó, Dona Cida, com seu problema de audição, pois nenhum tímpano bem conservado deveria passar pelo que os meus passaram.

Além de um Patrick Wilson completamente desinteressado, com uma expressão facial que evidencia ele estar no papel exclusivamente pois as aulas de natação dos filhos reajustarem a mensalidade, temos um Halle Barry que, por muito profissionalismo ou ser amiga de infância do diretor, se esforça minimamente para dar uma carga emocional a sua personagem, mesmo Jocinda sendo escrita em menos de duas linhas, aparentemente por uma criança na fase de alfabetização. Para fechar o trio, KC Houseman (John Bradley), um fanático por teorias da conspiração, aliás, discurso perigoso abordado no filme, ainda mais em tempos como os de hoje, que tem a exclusiva função de alívio cômico monótono em quase toda rodagem. O argumento cômico aqui consegue ser mais sem graça que qualquer texto apresentado por comediantes de stand-up que possuem outros três amigos (piscadinha). Além da tentativa de humor, o personagem também falha em gerar emoção, ele até tem os holofotes para gerar uma cena que, teoricamente deveria ser grandiosa, mas é apenas grandiosamente indiferente. São tantas tramas e dramas demasiadamente desinteressantes que em determinado momento da rodagem você torce para a colisão, seria melhor a extinção da raça humana do que continuar assistindo a história daquelas pessoas insignificantemente descartáveis.

Faço uma analogia para “Moonfall – Ameaça Lunar”: imagine uma orquestra sinfônica, agora substitua os instrumentos por utensílios de cozinha, o maestro por um macaco e os músicos por bebês de três anos com fome, onde fica claro que a única coisa mais difícil que salvar o planeta de uma colisão com a Lua é escrever mais de 800 palavras sobre esse filme.

Nota do Crítico: 1.0 (só porque eu não dou notas 0)

Nota Média do Público (IMDb): 5.3

Horários das Sessões Cineflix em Araçatuba, Shopping Praça Nova:

Dublado: 16h20, 19h e 21h40

Legendado: 22h

Classificação Indicativa: 16 anos

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