SBT analisa “Space Jam: Um Novo Legado”: nem toda a nostalgia do universo consegue salvar o filme

Disponível nas salas de cinema de todo o Brasil

SBT analisa “Space Jam: Um Novo Legado”: nem toda a nostalgia do universo consegue salvar o filme -


Bem como o filme de mesmo nome de 1996, “O Novo Legado”, agora, é basicamente a mesma história de um jogador de basquete da vida real que é sugado para o universo animado da Warner e tem que jogar um jogo de basquetebol mirabolante para salvar alguém. Se vinte e cinco anos atrás o superastro Michael Jordan era o capitão do time dos Looney Tunes, neste “segundo filme”, a escolha que não podia ser diferente foi do melhor jogador de basquete de todos os tempos: LeBron James. E para aquelas pessoas que vivem no fundo das foças Marianas e não sabem quem é o ícone, o filme abre com uma montagem de contextualização, mostrando com narração, onde somos lançados em uma, breve, jornada pelos melhores momentos da quase perfeita carreira do jogador, desde garoto prodígio nas pequenas quadras do subúrbio de Akron, até se tornar o maior e mais influente atleta do planeta. Além disso, temos um breve flashback da infância do pequeno Lebron (Stephen Kankole), onde um discurso de seu, então, treinador deixa clara a importância da seriedade que o garoto deve ter com o esporte para que possa mudar a própria e também a vida daqueles que ele ama, problemática que ecoa mais a frente do filme.

No presente, dentro de uma quadra de basquete na super mansão do astro em Los Angeles, vemos os irmãos e filhos de LeBron, aliás a família do jogador é bem representada em questão de membros, porém toma algumas liberdades para alterar nomes, onde o mais velho, Darius (Ceyair J Wright)) se empenha para se tornar um jogador que faça jus ser filho de uma lenda do esporte, bem como na realidade, e o mais novo, Dom (Cedric Joe), não tão atlético, vidrado em desenvolvimento de jogos de videogame, um que já está quase que completo, e bem menos interessado no esporte que tornou o pai um ícone mundial. Vendo isso, o sempre protagonista, seja dentro ou fora das quadras, LeBron James, mas desta vez apenas uma caricatura do mesmo, se incomoda ao ver o garoto não levar o esporte a sério e sim apenas com uma mera brincadeira. Fica claro que a relação dos dois está desgastada devido ao desvio de interesses de ambas as partes, onde James, pensando estar querendo o melhor para o filho, insiste para que ele seja um atleta, já o garoto tem dificuldade de contar para o pai que não seguirá os mesmos passos atléticos que ele.

LeBron então decide levar o filho para um reunião dos estúdios da Warner Bros, sobre um algoritmo de inteligência artificial que pode gerar a imagem do astro do basquete em qualquer local do Warner-Verse (tudo agora precisa conter esse sufixo?). Pai e filho tem opiniões opostas sobre a nova tecnologia, discutem, e após serem guiados para um armadilha, são sugados para dentro do universo supracitado pelo tal algoritmo, personificado por Don Cheadle, ou no filme Al G. Rythm ( sim, eu sei exatamente o que você está pensando). Sabendo de tudo, sobre tudo, pois a tecnologia tem a capacidade de rackear qualquer dispositivo eletrônico, ele dá à Dom toda apreciação que o pai não dava, deixando o menino achar que eles falam a mesma língua digital. O que ele não sabe é que para poder voltar para casa, seu pai, precisa recrutar um time daquele universo e vencer a seleção feita por Al em um jogo de basquete baseado na criação tecnológica de Dom.

Lançado no mundo dos Looney, James se encontra com Pernalonga e diz ao cartoon sua missão. Por já ter familiaridade com o caso, piada reciclada mais algumas vezes por outros personagens ao longo da rodagem, o coelho decide ajudar o novo amigo. A partir daí, o roteiro se mantém tão elabora quanto até agora, o mais simples possível. O processo de escolha dos jogadores é mais objetivo do que deveria, pois a viagem dentro dos universos é rápida demais, onde o longa poderia ter aproveitado mais dos fan services, proposta quase única e óbvia do filme, onde James, por ter conhecimento do cardápio que tem em suas mãos em questão de personagens da empresa Warner, sonha com um super time bem com quando jogava em Miami com os Heats, envolvendo King Kong, Superman  e Gigante de Aço, porém o time que LeBron tem nas mãos é bem mais reflexo de sua realidade como jogador, vários desajeitados à serem guiados para a vitória por um líder nato. Em contraponto, temos Dom e Al montando seu próprio time, e se a equipe de Lebron é mostrada de forma objetiva, os adversários só são revelados no momento da partida.

Chegado ao momento que mais interessa de um filme de esporte, e mesmo sendo a loucura cartunesca que é, temos uma pitada de competitividade, que é a partida de basquete. Apesar que chamar aquilo de “basquete” é quase uma ofensa a um dos esportes mais emocionantes já criados. De um lado temos o Esquadrão Looney, composto pelos mesmos personagens do “filme passado”, porém agora os adversários são híbridos de jogadores da NBA e WNBA com algum poder X-Men. Temos Anthony Davis com asas, Klay Thompson meio líquido, meio em chamas,  Damian Lillard controlando o tempo, Diana Taurasi e Nneka Ogwumike tendo poderes de víbora e tarântula respectivamente.

A partida é extremamente insana e não digo como um elogio, as únicas coisas que lembram o esporte, são as cestas, as demarcações na quadra e a bola, porque de resto é uma anarquia descontrolada. Como no universo Warner não tem o perigo do COVID-19, todos os personagens possíveis do estúdio estão presentes na partida, easter eggs que foram a única coisa que me manteve investido daí para frente. Não satisfeito, Al ainda suga cerca de 500 mil humanos para assistirem o jogo in loco, ação que deve ter deixado milhares de telas de celulares trincadas. Vamos ao jogo em si, como é inspirado no videogame de um garoto que não se interessa muito por basquete, as regras ou a falta delas, no caso, torna a partida uma orgia pirotécnica colorida cheias de animais, onde alguém levou uma bola de basquete. Durante a ação, todos os personagens são subaproveitados, não vemos quase nada dos poderes dos rivais de LeBron, mas o personagem menos aproveitado é a própria estrela da NBA, que tem apenas 5 arremessos na partida toda, sendo cada um para mostrar um movimento de assinatura do atleta na vida real e, claro, bem como na maioria de seus grandes jogos, o arremesso da vitória.

“Space Jam: Um Novo Legado” não fica na sombra no antecessor, mas não reluz no horizonte, permeia quase a todo o momento a sensação de que os roteiristas, tantos, aliás, que daria para formar um time de basquete, se empenharam mais em colocar fan services de estúdio a todo momento em tela do que contar uma história minimamente razoável, onde nem mesmo toda a nostalgia imposta é capaz de cobrir a sensação anticlimática que permeia o momento em que sobem os créditos.

Nota do crítico: 4.0

Nota Média do Público (IMDb):4.3

 

Comentários