SBT analisa “Venom: Tempo de Carnificina”: um filme que tenta sustentar sua existência em uma cena pós-créditos

Em cartaz em todos os cinemas Cineflix do Brasil

SBT analisa “Venom: Tempo de Carnificina”: um filme que tenta sustentar sua existência em uma cena pós-créditos  -


“Venom: Tempo de Carnificina” é um marco dentro do cinema moderno e principalmente a prova real de que filmes de super-heróis, anti-herói, nesse caso, são uma fórmula maléfica de lavagem cerebral, onde o principal e, por muitas vezes imperceptível, recurso usado é um artifício que nas mãos erradas pode ser nocivo demais: a nostalgia. Esse filme não sustenta sua existência em nada, são 97 minutos de enrolação para culminar em uma cena pós-créditos que então me fez entender o real motivo do qual o projeto saiu do papel, o que até então não se justificava. Eu não seria sádico ao conta-la, mas tenho certeza que a tal cena pode gerar duas reações extremas em diferentes públicos. Se você ainda suporta esse subgênero, a ocasião te causará um êxtase inigualável. Já se, assim como eu, vê tais filmes por obrigação e pessoalmente não os atura mais, a virada de olhos será irremediável.

Após os eventos do primeiro filme de 2018, Eddie Brock, interpretado por Tom Hardy, precisa aprender a conviver com o simbionte Venom dentro de seu corpo e busca a redenção dentro da carreira como jornalista, após cair no ostracismo, ao final do primeiro filme. Nesse meio tempo, Cletus Kasady (Woody Harrelson) se torna o portador do simbionte Carnificina, foge da prisão e temos o nosso filme. Sim, o máximo que eu consegui tirar deste roteiro foram quatro linhas, como muito trabalho, aliás. Se você pensa em ser, ou já está se dedicando em trabalhar com roteiros cinematográficos, fica minha fica: não assista a este filme. Ver uma produtora como a Sony lançar um projeto com um texto como é o de “Venom 2” é nada menos que desanimador. Só a método de curiosidade, uma das roteiristas, além do próprio Hardy, é Kelly Marcel, responsável pelo texto da atrocidade “Cinquenta Tons de Cinza” (2015) e o nível aqui é tão raso quanto uma piscina para crianças.






O que mais decepciona nesse filme é a abundância de talento em todos os aspectos técnicos, que, por conta da proposta jocosa do estúdio, fora completamente desperdiçada. Marco Beltrami (Um Lugar Silencioso) assina o trabalho de som e o resultado é uma mixagem bagunçada, onde nenhuma das escolhas musicais se encaixa na misancene. Assinando a fotografia, temos um dos melhores do mundo na função, Robert Richardson, que não tem o que fazer. É um filme extremamente escuro, bem como o antecessor, para mascarar a péssima qualidade da computação gráfica dos monstros. Já a montagem, essa é ruim mesmo. Nas sequências de pancadaria, o filme se torna tão picotado e tremido que daria orgulho ao mestre das vertigens Michael Bay. No elenco, temos um esforçado e carismático Tom Hardy, que além de dar vida ao hospedeiro Eddie, também faz um caricato, porém exímio trabalho de voz como a ameba alienígena de cor preta. Michelle Williams e Naomi Harris estão no filme como pontos fracos passionais do “herói” e do vilão, respectivamente, só. Woody Harrelson faz o que pode como Carnificina, um vilão movido pela pior motivação possível e remodelado nos padrões Sony.

O longa, desde sua cena introdutória, é um filme que deixa claro que não deve ser levado a sério, nem pelo público, nem por si mesmo, porém se esquece que tal artifício não anula o fato de que mesmo com essa proposta, se o desleixo se instaura, o filme se torna sem qualidade, fato que ocorre aqui. Nos seus melhores momentos, “Venom 2” é uma boa história de amor entre dois amigos que são conflituosamente opostos, mas que no fundo se amam. Nesses momentos, o humor chega até a funcionar, dá para soltar um arzinho pelo nariz.  Porém, quando a noite cai, somos impostos a um bacanal de computação gráfica malacabada e uma escuridão que esconde mais do que expõe.

“Venom: Tempo de Carnificina” vai agradar quem se agradou com o primeiro. Entretanto é um filme que não precisava existir e muito menos justifica sua existência nem como sequência, nem com uma identidade própria, nem como um blockbuster qualquer. Sua existência é esculpida no pior dos ingredientes da fórmula Marvel: apontar um potencial futuro e desdenhar do público com um péssimo presente.

Nota do Crítico: 3.0

Nota Média do Público (IMDb): 6.6

Horários em Araçatuba:

Sessões Dubladas – 17h00,19h00,19h20,21h20,21h40

Sessão Legendada – 21h30

Comentários