SBT analisa ‘Brinquedo Assassino’: assistível e esquecível na mesma proporção



Andy é um garoto sem amigos que ganha um boneco com certo tipo de Inteligência artificial para ser seu companheiro. O brinquedo vem com um defeito, começa a ficar agressivo e a matar todo mundo, assim temos o nosso filme

‘Brinquedo Assassino’ se trata da releitura do filme de mesmo nome de 1988. Mesmo tratando-se de uma remake, o fio condutor da história é completamente diferente. Se no material fonte a premissa era de que a consciência de um criminoso estava presa dentro do corpo do boneco, buscando matar seu dono para tomar posse de seu corpo já não era das melhores, aqui o nível é menor. Chucky tem um único propósito; ser o melhor amigo de Andy e matar todos que tentarem atrapalhar. Mesmo ruim, a premissa de tentar recuperar um corpo humano, estando preso em um boneco, dá sentido as motivações do antagonista. Aqui, Chucky tem suas funções de segurança desativadas e se torna um serial killer. Primeira pergunta que o filme nos indaga, se o boneco não pode falar palavrões ou fazer gestos obscenos, pois é feito para crianças, porque ele tem um função que apenas a desligando, ele o faz tudo isso.

A direção é do norueguês Lars Klevberg e o diretor faz das tripas coração para tentar deixar o brinquedo ameaçador. Mas é uma tarefa quase hercúlea deixar um boneco com um cabelo liso do fofão, de 70 centímetros de altura e o rosto igual ao do ‘J.J o Jatinho’ assustador. Muitos ângulos baixos, muito contra-plongée e o trabalho usando a silhueta e a sombra do personagem ajuda muito.  O problema é que o filme aposta em jumps scares canalhas acentuados por uma trilha sonora mais óbvia que um filme do Michael Bay ser ruim, fazendo com que você antecipe todos, TODOS, os sustos sem qualquer atenção ao filme.

O tom do filme é bom, isso é inegável. Mesmo sendo um terror, o diretor sabe onde está pisando e em nenhum momento o filme de leva a sério, o que é bom. Se ‘Brinquedo Assassino’ fosse mais sóbrio seria uma catástrofe. Outra coisa boa aqui é a classificação indicativa, o que deixa o diretor a usar vários litros de sangue, e algumas mortes são, mesmo incoerentes, imaginativas.

O elenco é consistente. Gabriel Bateman é um bom Andy, mesmo sendo bem mais velho aqui (13 anos) o que ajuda a deixar a sensação de que Chucky é menos ameaçador ainda. A personagem da Aubrey Plaza mesmo um pouco negligente conversa bem com o tom do filme e parece que a atriz estava se divertindo fazendo o papel. O Bryan Tyree Henry também funciona, ele interpreta o alívio cômico e por não serem nada forçada, todas as piadas funcionam, nada hilário, mas você sempre solta um arzinho pelo nariz. Mas o destaque aqui vai para o formidável trabalho de voz do Mark Hamill, ele um Chucky muito melhor que Brad Dourif (versão de 1988) que já era bom. Se o brinquedo possa ter algo de apavorante, o longa deve muito a Hamill.

‘Brinquedo Assassino’ é bocó, mas sabe que é bocó e usa isso a seu favor, tem um elenco ok, mas tem uma premissa patética e um antagonista que nunca meteu medo e nunca vai meter medo, e na mesma proporção que é assistível, também é esquecível.

 

Nota: 4,0

João Marcelo Moraes

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