Polícia Civil indica mais três por envolvimento no feminicídio de Carmen de Oliveira Alves

Três novos indiciados — amigo, ex-namorada e vizinho do principal suspeito — são acusados de dificultar as investigações e ocultar provas no caso do feminicídio da estudante trans desaparecida desde junho em Ilha Solteira

Polícia Civil indica mais três por envolvimento no feminicídio de Carmen de Oliveira Alves - Arquivo Pessoal


A Polícia Civil indiciou mais três pessoas por participação no feminicídio de Carmen de Oliveira Alves, estudante universitária trans de 26 anos desaparecida desde 12 de junho, quando saiu de uma prova do curso de Zootecnia na Unesp de Ilha Solteira (SP). O corpo da jovem ainda não foi localizado. Já estão presos preventivamente o namorado dela, Marcos Yuri Amorim, e o policial militar ambiental da reserva Roberto Carlos de Oliveira, que mantinha envolvimento amoroso e financeiro com Yuri. Agora, o inquérito também inclui Wellington Fernando Ramires Adorno, Stéfani Pereira Guimarães e Paulo Henrique Messa.


De acordo com a polícia, Wellington, amigo de Yuri, foi indiciado por favorecimento pessoal, supressão de documentos e fraude processual. Já Stéfani, ex-namorada de Yuri, responderá por falso testemunho. Os dois, segundo as investigações, teriam combinado entre si e com Yuri versões falsas para confundir os investigadores e atrasar o esclarecimento do caso. A situação de Paulo Henrique Messa é ainda mais grave: além de falso testemunho e favorecimento pessoal, ele também foi indiciado por ocultação de cadáver, pois teria participado do desaparecimento do corpo de Carmen.

Os três vão responder em liberdade, já que, para os crimes atribuídos a eles, não cabe prisão preventiva. Mesmo assim, devem ser julgados no mesmo processo que envolve Yuri e Roberto Carlos, que se acusam mutuamente pelo assassinato. O delegado responsável pelo caso, Miguel Rocha, afirma que ambos mentiram e omitiram informações para proteger Paulo Henrique, que possui antecedentes criminais, inclusive por homicídio.

As investigações avançaram após a quebra de sigilos telefônico e bancário dos suspeitos, o que forneceu fortes indícios das ligações entre eles e pistas da dinâmica do crime. A Polícia Científica ainda aguarda os resultados de exames de sangue encontrados no sapato de Yuri e em uma lona que pode ter sido usada para transportar o corpo da jovem. Os laudos vão confirmar se o material genético é de Carmen.

Nesta segunda-feira (12), também vieram a público áudios enviados por Carmen a uma amiga, cerca de dois meses antes de desaparecer. Nas gravações, ela dizia estar sendo ameaçada de morte por Yuri e afirmou que, se algo lhe acontecesse, ele seria o responsável. O caso segue sob investigação, e a busca pelo corpo continua.