USP dará um bônus de até R$ 30 mil para reter os professores jovens

Nos últimos anos, cerca de 70 docentes deixaram a universidade mais conceituada do País anualmente para trabalhar na iniciativa privada ou no exterior

USP dará um bônus de até R$ 30 mil para reter os professores jovens - Divulgação


A Universidade de São Paulo (USP) vai dar um bônus de até R$ 30 mil para os professores que estão há menos de 20 anos na instituição, numa tentativa de evitar saídas de profissionais. Nos últimos anos, cerca de 70 docentes deixaram a universidade mais conceituada do País anualmente para trabalhar na iniciativa privada ou no exterior. Segundo o reitor Gilberto Carlotti Junior, 75% deles eram jovens e estavam há pouco tempo na USP.


"A gente quer que eles fiquem na universidade e não peçam demissão", disse Carlotti. Caso o docente saia da USP em menos de dois anos, ele precisa devolver o dinheiro. Não há uma avaliação específica do profissional para receber o bônus, os valores variam conforme o tempo de serviço. Segundo o reitor, a perda de professores é mais presente em áreas como Economia, Administração de Empresas e Tecnologia da Informação, mas também recentemente em Medicina e humanidades. "Acreditamos que tem um forte componente salarial."

O valor máximo, de R$ 30 mil, é para quem começou a trabalhar na USP depois de 2018. O mínimo é de R$ 27 mil para os que entraram entre 2008 e 2003. Cerca de 3 mil dos 5,2 mil professores da universidade serão beneficiados. Funcionários técnico-administrativos que entraram nos últimos 20 anos também ganharão a gratificação, com valor que varia de R$ 4,5 mil a R$ 5 mil.

PARA TODOS

Além disso, todos os professores e funcionários da USP receberão prêmio de R$ 5 mil este ano. "Entendemos que passamos um período de pandemia, todos tiveram de se empenhar além do normal e, mesmo assim, melhoramos nossos indicadores internacionais e nas avaliações da Capes", diz o reitor. Segundo ele, os R$ 180 milhões que serão usados para o prêmio e a gratificação vêm de um superávit acumulado pela universidade, em especial nos anos de pandemia.

A folga no orçamento veio depois de a USP enfrentar anos de uma crise financeira, em que os salários chegaram a comprometer 105% da folha de pagamento. Este ano, a universidade fez ainda investimento em obras e em hospitais. "As verbas anunciadas têm caráter indenizatório e não reporão as perdas advindas das reformas da previdência e perdas salariais. Obviamente a categoria não negará esse respiro, com déficit salarial de 26% em relação a 2012, no entanto entendemos que a medida não reverte o que perdemos", diz a presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp), Michele Schultz.

O texto divulgado pela entidade afirma ainda que os prêmios não serão suficientes para reter "jovens talentos". "As razões pelas quais um certo número de colegas tem pedido exoneração nos últimos anos precisam ser estudadas em detalhe. Os motivos são diversos, e as pressões, a sobrecarga de trabalho, as cobranças excessivas e o consequente adoecimento físico e mental do professorado, somadas à falta de docentes e de funcionárias(os) estão entre eles, além dos salários defasados", diz a nota.

VALORES

Atualmente, os salários médios dos professores da Universidade de São Paulo são de R$ 16 mil para a categoria de professor doutor, R$ 18 mil para professor associado e R$ 26 mil para professor titular. Quem está há mais de 20 anos na universidade já recebeu aumentos progressivos da carreira e, por isso, segundo a reitoria, não entra na gratificação. Ao ingressar na carreira, o professor doutorrecebe cerca de R$ 13 mil.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.