Metaverso para que?

Metaverso para que?  -


Quando o tema tecnologia entra na conversa imagens de computadores, luzes brilhantes e robôs vêm à mente embora o conceito se defina de maneira bem mais simples. Tecnologia significa ferramenta, instrumentos em forma de conhecimento, utensílio e metodologia que o homem utiliza para cumprir tarefas importantes. Se não mostra função, cai em desuso, tem valor zero.

Retomei essa reflexão ao acompanhar a reação do mercado aos resultados ruins do projeto de metaverso de Mark Zuckerberg, o fundador do Facebook, que dão margem a especulações sobre um possível fracasso. O Horizon Worlds, como foi nomeada a plataforma imersiva de realidade virtual (VR) da companhia, deveria ter ao menos 500 mil usuários, mas só tem 200 mil. Nem os próprios funcionários o utilizam, segundo documentos internos publicados na imprensa.

Zuckerberg investiu US$ 15 bilhões no projeto. Enquanto isso, na Bolsa de Valores, despencam as ações do Facebook – que agora se chama Meta, tamanha a aposta no metaverso. Apenas em 2022 a empresa perdeu 75% de valor de mercado, o que significa uma desvalorização de cerca de US$ 700 bilhões.

O entendimento desta nova tecnologia está difuso na cabeça das pessoas, pois ainda não deu tempo delas entenderem a sua aplicação. A grande maioria pensa no metaverso como um ambiente de videogame, onde controlam personagens estranhos para lá e para cá fazendo coisas inúteis ou lúdicas, como acontece nos games. Mas não é isso.

O metaverso consiste na adição de camadas virtuais de informação no mundo real. Funciona como a evolução da internet, porém ao invés de navegarmos por telas é como se elas transcendessem o mundo virtual e fizessem parte do mundo físico.

A tecnologia tem o potencial de remodelar o trabalho ao transformar o escritório em um espaço imersivo com elementos de aventura, espontaneidade e surpresa. Vai multiplicar o poder de execução dos colaboradores que contarão com réplicas digitais para cuidar de tarefas triviais enquanto o humano se ocupa de ações de maior valor agregado. E pode revolucionar a educação e os treinamentos ao simular situações realistas para a aplicação do conhecimento.

Acredito que o Facebook enxerga este caminho. No metaverso da companhia, óculos de VR projetam telas, dados diversos e objetos virtuais no ambiente físico do usuário. Assim, ele utiliza o máximo de informações que o digital pode fornecer para aperfeiçoar a execução das tarefas do cotidiano. Nesse metaverso, de camadas de dados que completam o entendimento do mundo real – e, portanto, levam a tomadas de decisão certeiras –, eu acredito.

O metaverso vai demorar para se consolidar porque no momento não há nada que as pessoas possam fazer lá que não seja mais fácil realizar no mundo real. Zuckerberg necessita, portanto, tornar clara a função do metaverso e fazer a grande massa de indivíduos enxergar o poder desta ferramenta. Do contrário, fracassará. Porque tecnologia tem que servir para alguma coisa e até agora poucos viram utilidade no metaverso.

Wladimir D’Andrade é empresário, jornalista e especialista em inovação

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